Poemas : 

Ausência sem regresso

 
Open in new window



Não contando as estrelas
estava na lua e na plantação de café.
E ouvia o som dos disparos
das armas automáticas
nas sombras do espantalho
no meio da seara.
.
Ficava atento
a coisas que antigamente nem ligava
porque me eram demasiado indifentes.
.
O vento tomba as ervas cheias de alma.
o perfume desbravado pela fome das sereias:
habitantes de uma aldeia escondida nas montanhas
de uma praia sem areal, chama-me.
.
Há tempos precisei de verter fermento
para ver crescer entre os dedos
um pedaço de terra sem graínhas ruidosas;
precisei de uma noite inteira
para descobrir em mim mesmo
o terraço onde a viagem começava
e onde eu nem sequer me tinha iniciado.
.
O cheiro dos grãos de café enebriava-me,
fechava os olhos e as estrelas mergulhavam
dentro de mim.
.
Lembro-me...
Nessa altura deixei de ouvir tudo
porque o coração se ausentou para parte incerta
e nunca mais ousou regressar.


rainbowsky

 
Autor
rainbowsky
 
Texto
Data
Leituras
1256
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
9 pontos
1
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/10/2010 15:39  Atualizado: 21/10/2010 15:39
 Re: Ausência sem regresso
Que viagem!... Com regresso, certamente.

Cumprimentos

Maria