Na noite, a lividez insinua-se no teu rosto
Os teus olhos são fogueiras expectantes
Teus lábios carmins escorrem sangue
Das tuas mãos esguias escorre o mosto
Vais penetrando na noite, rasgando o nevoeiro
O espírito te arrasta perdido em desassossego
Envolves-te no manto de fumo que sai da terra
Vertendo lágrimas pretas com um olhar feiticeiro
Procuras, com ânsia o líquido denso e vital
A paixão sádica que queres fazer sangrar
Gota a gota, para atenuar a tua palidez fatal
Procuras um corpo para sugar até à exaustão
Até o sentires esvair, no matagal ermo e frio
Velado pelos anjos negros na escuridão
19.10.2010