Que poderei eu fazer
A não ser deixar queimar o medo
Em fogo secreto que acendo
E calar este silêncio na cor da noite
Dizimar horas que me separam
Em distâncias baloiçadas
Abandonadas
Talvez um dia escale a sua montanha
A mais íngreme do mundo
Deixar que o vento me rasgue
Sorrisos rasteiros
Que escorreguem as solidões
Por penhascos agrestes
Contemplando a península estendida até Lisboa
Prateada
Se eu pudesse dizer
O que sinto agora
Se eu soubesse achar o caminho
Do Filho da Lua
Os seus pensamentos irrequietos
Na travessia do Tejo
Seria a autora do seu destino
Se eu soubesse andar para trás
Subir aos calvários e trazer nas mãos
O calor do olhar da Filha da Terra
Como num livro que tivesse escrito
Sentada nas estrelas de um jardim céltico
Perdido e encontrado
Nos olhos que vi
Ah, Filho da Lua
Se eu soubesse…
Manuela Fonseca