Parece que daqui eu te vejo
Semi-nua, entre os travesseiros,
Em lençóis de seda repousada
Roçando os pés nas almofadas
E a língua nos lábios vermelhos,
Lentamente, para umedecê-los...
Os olhos negros, baixos e acesos
Numa procura distante e sem fim,
A pele resvalada pelo linho e cetim
Enquanto os dedos vão enrolando
As pontas dos belos e longos cabelos
Retorcendo-os em mil e um caracóis
Enquanto em tua face fulgiam dois
Sóis!
Mas...
Parece que daqui eu te vejo
Com o roupão semi-aberto
Mostrando todo um universo
Nas auréolas róseas dos seios.
Mas, parece que ainda te vejo,
Sorrindo pelos jardins colores
Brincando com os beija-flores
Que, confesso, nunca esqueço.
Mas...
Sua moradia é além dos montes
E lá não bate mais o meu coração,
Essa nau frágil, sem uma direção...
Esse navio frio... Sem horizonte...
Gyl Ferrys