Numa certa manhã ensolarada uma turminha de crianças se dirigia para o rio a fim de dar uns mergulhos em suas rasas margens. Eles caminhavam brincando e cantarolando lindas canções.
Não tinham pressa, pois ainda era muito cedo. É que esses meninos haviam acordado bem antes do sol despontar no horizonte, para poder ficar mais tempo no rio.
Um deles, Joãozinho, era tímido, mas apesar disso acompanhava a turma de amigos por todos os lugares aonde iam.
As pessoas, geralmente, achavam Joãozinho muito quieto, e que não tinha energia suficiente para criar e realizar brincadeiras que todos gostavam de participar. Achavam que ele jamais faria algo importante.
E assim, os amiguinhos iam caminhando pela ruazinha cercada de bosques, em direção ao rio, quando de repente Joãozinho olhou para o lado e viu sobre a folha de uma planta silvestre, um alegre e saltitante gafanhoto.
Então, pensou:
- Deve ser legal ser gafanhoto. Eu queria ser um deles para poder pular livremente entre as folhagens.
Nisso, ele começou a notar que tudo em volta ia aumentando de tamanho, até que se viu bem pequeno, do tamanho de um...gafanhoto! A força do seu pensamento fez com que se transformasse naquilo que, naquele momento, queria ser: um gafanhoto! Que mente forte tem o menino!
- Nossa, eu virei um gafanhoto! Exclamou espantado.
Sem que seus amiguinhos se dessem conta do que estava acontecendo, ele havia se transformado em algo diferente: um inseto!
Joãozinho percebeu então que vinham chegando, cada vez mais, outros gafanhotos.
Nesse momento, o céu começou a escurecer assustadoramente. Os meninos não sabiam bem o que estava acontecendo, mas não demoraram a ver que aqueles animaizinhos estavam invadindo toda a área. Era, na verdade, uma imensa nuvem de gafanhotos assolando aqueles campos, nos quais havia também muitas plantações.
No meio de todo o alvoroço, a turma de crianças saiu do rumo. O grupo estava perdido no meio daquele bosque.
Joãozinho viu que estava no meio de uma explosão de insetos. Tinha plena consciência do grande problema que aquilo significava. Ele sabia que precisava ajudar os amigos que estavam perdidos, e também impedir que os gafanhotos devastassem tudo, inclusive as plantações.
Muita gente acha que gafanhoto não pensa, mas Joãozinho, que naquele momento era um deles, pensou, e bem rápido. Posicionou-se na frente da nuvem e conduziu-a para o rio.
Depois que o último inseto caiu na água, e após todos eles serem levados pela correnteza, não se sabe para onde, o menino tímido voltou à sua antiga forma humana.
Seus amiguinhos, ainda aturdidos, resolveram logo voltar para casa e nem perceberam o grande feito de Joãozinho.
Muitos não compreendem que tem gente que realiza grandes e nobres ações em benefício do bem comum, mas sempre no anonimato, sem se importar com quaisquer reconhecimentos e sem revelar aquilo que são:
“Grandes defensores da humanidade!”
Roberto Armorizzi