Hoje senti na carne o sabor de tua primeira mordida
E dei-me a lembrar uma lembrança esquecida
Do que se tira da carne além do sabor da mordida;
Dei-me a sentir sem perceber o rubor das dentadas
Dos dentes na carne morna extasiada
Dei-me a senti-los afiados
Os quantos beijos sórdidos e roubados
Que permiti destes lábios encarnados;
Senti na carne os dentes ainda dormentes
Irrompendo a pele guardada
Fartamente inundada
Dos cheiros teus;
E dei-me a sentir sobre a pele latente
O golpe voraz de tua boca faminta
Exaurindo inocente
O rubor que me restava
De um amor agonizante
E os restos de minha carne indecente
Que somente a ti desamparava
Fortemente