Aqui vivi…
Aqui me deitei…e adormeci…
Neste chão…
Embalada pela tua mão…
Bem ou mal,
Mesmo no meio do temporal…
Agora vens sem aviso,
Violas meus direitos…
Atraiçoas-me…
Decepas minha fé,
arrancas-me o coração…
E deixas-me…
Entregue á ralé
Que machadada!
Estava aqui tão quietinha
E logo vieste me desassossegar
Deixando-me desanimada…
Estava tão quentinha…
Porque vieste daqui me arrancar?
Oh meu amor…
Que mal te fiz,
Para fazeres o que fizeste?
Ouvi alguém em minhas costas falar:
- Levem-na, entregou-ma o agricultor,
Está pronta p’ra sopa engrossar!
Oh agricultor,
Sempre disseste ser eu a tua preferida…
A batatinha mais bela,
a mais sexy...
Como assim me foste atraiçoar?
Tu…meu terno, meu único amor!
Oh Deus das batatinhas…
Tem dó de mim…
Tempera com doçura minha dor!
Talvez numa outra vida eu volte batatinha doce!
Fátima Rodrigues
«Escrevo para desabafar, sonhar ou me encontrar»