Poemas : 

Cão é o homem.

 
Cão fdp, cão que consome
cão sem nome
cão é o homem
como sou um animal maldito
como é ser um cão sem o osso ruído

É duro ser um cão bunda mole
Cão pelado morto de fome
Cão sem pelo não é lobisomen

Cão sem estrutura
filho de uma mula
cão que mora na rua
Cão me dê um abraço
se for como o homem
morderá o seu próprio braço

Cão que grita, cão sem latido
Cão alucinado, cão do rabo partido
Cão que ficou sem dono
só pode ser um cão perdido

Cão vira-lata
Cão que ama e mata
Cão ensinado, cão sem vida
Cão sem porque, cão não sei o que

Cão é o homem
que não sabe viver
cão que rima
cão au au faz e imagina
Cão que mija, que é safado
reza na partilha
e acaba todo surrado

Cão colosso
Cão que leva um soco
Cão medroso
Cão sem dentes
Cão se alimente
Cão que se solta na chuva
Cão que não tem mão usa guarda-sol
Cão da cara amassada
Cão da orelha ressabiada
Cão que anda na estrada
Cão que dorme em casa

Cão que tem nome de irmão
Cão do pai largado
Cão que um dia amou
cão fraco aonde se atirou

O cão está aliviado agora !!

 
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Beto
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 13/10/2010 20:16  Atualizado: 13/10/2010 20:16
 Re: Cão é o homem.
muito bom mesmo adorei e concordo plenamente com a destincao

Enviado por Tópico
marcelfranco
Publicado: 19/11/2010 05:21  Atualizado: 19/11/2010 05:21
Participativo
Usuário desde: 06/11/2010
Localidade: Belém, Pará, Brasil
Mensagens: 29
 Re: Cão é o homem.
Beto,

Este poema me trouxe a lembrança de O Cão Sem Plumas de João Cabral de Melo Neto, exatamente, no Discurso do Capibaribe em que o poeta diz:

"Um cão, porque vive,
é agudo.
O que vive
não entorpece.
O que vive fere.
O homem,
porque vive,
choca com o que vive.
Viver
é ir entre o que vive."

Teu poema, análogo ao livro de Cabral, me faz pensa no problema existencial humano do homem-cão, zoomorfizado, porém com os problemas físicos e matefísicos bem aguçados.
Gostei do seu poema, tão ao sabor da liberdade de Ferreira Gullar. Seu poema indico à uma observação literária pela consistência poética. Dá um artigo e tanto! Parabéns, volto mais vezes para degustar seus tecidos poéticos.
Abraços
Marcel Franco