chegou até mim a meio da noite que revelava.se frenética, incontrolada, voraz como quem vive de insónias permanentes. trazia apenas uma mala negra a tiracolo, pareceu.me. a sua assinatura ilegível gravada no granito das muralhas envoltas por aquela neblina tão peculiar, tão misteriosa, tão suave quanto aquele homem que podia desaparecer a todo o momento.
Que bizarro!
chegou até mim como quem percebe perfeitamente que tem tantas dúvidas quanto à forma da existência, das cores da alma, do tempo que se perde à minha porta enquanto se acende um cigarro e mais um e um e outro e depois outro nunca entregues à monotonia do gesto.
chegou até mim regurgitando versos, ora leves, ora doces, até mesmo ácidos como quem tem asco da sua própria saliva, mas idiólatra o simples gesto de pôr a língua nas feridas e admira em silêncio as cicatrizes.
sempre gostou de sítios altos, subir pinheiros, colocar no cimo uma estrela brilhante como aquelas que figuram nos presépios e iluminam uma casa inteira.
chegou até mim a meio da noite cansado, trazia apenas uma mala negra a tiracolo, pareceu.me. abracei-o para que voltasse sempre…sempre. Só lamento que tivesse chegado atrasado.
" An ye harm none, do what ye will "