Este é o meu Calvário meus senhores, podem atirar-me pedras, cuspir-me no corpo, açoitar-me...
Ergo os braços no ar e grito a minha dor com os lábios vertendo o sangue que me sobe pela garganta e me sai pela boca, depois rasgo os braços com as unhas e deixo que vejam o sangue negro, é negro meus senhores, é negro, tão negro como a minha alma negra tão cheia de negro... porque me roubaram tudo.
No Calvário reviro os meus olhos e vomito os meus sonhos mais belos, era fácil se tudo tivesse sido assim não era? Mas não foi! Nada foi como eu queria que fosse o rio que correu até mim trazia peixes a boiar sobre as suas águas.
Inclino a cabeça, inclino o corpo e deixo-me cair sobre este chão que já pisaram, que já gastaram com as palavras vãs que nunca me disseram e com os carinhos que nunca me deram. Nada há já a fazer.
Morte!
. façam de conta que eu não estive cá .