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Lezíria aberta

 
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Caminham lado a lado as linhas, os canaviais e os prados
da Lezíria aberta desta hora.

É manha, pouco mais que o romper d’aurora.

Os cheiros da terra, da terra cerúlea que chora,
elevam-se densos em pernas cansadas de cigarras.
Caladas, mudas, no desalento e na desesperança
de um Sol de Verão entontecido, em que os juncos
ajoelharam por dentro da carne fria dos lodos.

Do rio, do rio abrasado aqui ao lado,
peixes sem escamas, sem guelras e sem barbatanas,
mordem iscos, na fome vermelha dos engodos.
… na concupiscência de todos os logros.

Lado a lado, na manhã da hora, no tarde do momento,
no pânico vígil de estar atento à epidemiologia
dos lugares vulgares, na armazenagem tardia de dialectos,
dos pastos infectos e do restolhar cirúrgico das sebes,
sobem em bandos Carraçeiros brancos.



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Autor
Mel de Carvalho
 
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1823
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Enviado por Tópico
MariaSousa
Publicado: 20/08/2007 18:08  Atualizado: 20/08/2007 18:08
Membro de honra
Usuário desde: 03/03/2007
Localidade: Lisboa
Mensagens: 4047
 Re: Lezíria aberta
Fazer um poema surrealista sobre a Lezíria é arte, Amiga Mel!

Bjs


Enviado por Tópico
goretidias
Publicado: 21/08/2007 21:06  Atualizado: 21/08/2007 21:06
Colaborador
Usuário desde: 08/04/2007
Localidade: Porto
Mensagens: 1237
 Re: Lezíria aberta
Belos companheiros de viagem! Belo poema!
Bjs