II –
Segui a senda da verdade proscrita
Agarrado à casa mítica, aracnídea.
Frágil lar de regenerências mil,
Insistente orgânico, porém fatal.
Rompi o hímen da mentira infinita,
Estiquei o cordão tênue até o início – Encontrei,
Neste orifício que sucede ao corte – a mancha escarlate
Da mansão sem quartos
No abismo de uma premonição.
No berço abracei ursos de pelúcia, seres imaginários.
Do sonho infantil criei heróis de um mundo extático.
A criança paralisou-se no interior deste crescimento.
Abriu-se ao choro do Nascimento sem colo placentário.
Ser-és edênico, ser-és de Marte.
Na música de tempo infinito, um coração bate e luta.
Contra corpos estroboscópicos, um desejo superior reluta –
Amarei as sombras desta passagem?
Em ritos curandeiros, adentro a gruta caliginosa. Assisto:
O nascer em fogo da cura de Asclépio, ou
O abraço venenoso da serpente arguta?
Uma imagem de carne feita carne, estigma de barro e lama somente.
Das estrelas vieram às letras do alfabeto,
De sombras foram feitas as primeiras imagens.
No limite carnal de nossa fome amante
Abraçamos a atmosfera do delírio no luto – Noite arrasta drogada
Zumbis olham insones.
A profundeza alcança Pele,
O toque abismal do profano.
Do penhasco despeço, ao infinito
Um passo sutil, rumo marítimo.
E contra a memória construída na caverna,
Fiz casa da negação – ponte – atravesso ancestral.
Rugido pré-histórico acorda gutural. Grito!
Amedrontada por fissuras, estalactites.
Esta simples Voz de potência angelical
Observo o teto de todas ausências enquanto giro.
Ouço o chocalho de conchas que continua lá.
Perco a serpente do caminho,
Peço ao prazer que me perca.
Na turbulencia do coração deste ser-sem-corpo,
Alma de papel colorido, máscara vitral do descontentamento.
Bebo o Letes das distâncias intransponíveis,
Anterior que fui ao rosto rasgado por lágrimas...
Busquei na boca escancarada da noite bêbada,
O alívio oral da criança derradeira:
UM GRITO DE FOGO!
Minhocas cavam veias no interior do colchão,
A nudez amarrada pelos braços firmes da verdade, grita:
“Já não amo, Sou."
"Umbigo inverso"