Enquanto o encanto não passa
deixo o rio que me atravessa
e escrevo numa folha de plátano
o destino de lágrimas presas.
Envolvo em asas a memória perdida:
vejo em pormenores a luz da vida
e a sombra do instante.
Quebro a fantasia e parto de madrugada,
encontro nas lágrimas do Mondego
as ninfas da História
que ficou parada.
Mil fontes me rodeiam:
água de amor, de guerra bebidas,
topázio e bohémia.
Qual infante de capa e batina vestidas,
pelas ruas vazias, despidas,
à Lusa Atenas me entrego.
Cidade ruína, futuro de Academia,
de ti caem lágrimas ao Mondego,
de longa História e Roma Antiga,
guardadas no cais, em segredo,
nos olhos de rapariga.