Poemas -> Amor : 

PERMITA-ME

 
Minha menina assustada….
Acaso não me escutas?
Meu coração andava dentro do teu…
E o que fizeste?
O que fiz eu?
O que fizeram?

Algo como um sopro súbito e estúpido arrastou-te para longe…
Minha menina… doce… terna…
Onde andas?
Em que lugar dos teus pensamentos infundados, talvez…
Deixaste-te perder de mim…?
Acaso não me reconheces?
Acaso não percebes o meu amor sublime e infinito?
Acaso não percebes que dar-te a vida foi meu melhor…
Mais perfeito feito?
Acaso não te lembras do antes vida…
Que te desejei… te sonhei mais que tudo?
O que queres de mim… minha menina?
O que te ponho aos pés para retomares o nosso amor?

Ah… quem dera enfeitar os teus longos cabelos…
Com as mais coloridas e singelas borboletas…
Soprar o vento mais calmo com hálito fresco sobre a tua cabeça…
Em busca de afagar-te… mesmo de cá… tão longe…
E abrandar todas os teus pensamentos aflitos.
E eu te colocaria ainda um lindo colar de arco-íris… pois que tu o mereces.
Quem dera poder colocar em tua boca apenas sorrisos…
Sorrisos de juventude… de amores correspondidos…
De sonhos possíveis - e por que não também dos impossíveis…?
Pois não são estes que nos alimentam a alma?
Que colorem nossas vidas?

Ah… minha menina…
Quem dera poder vestir-te um lindo vestido azul cor de sonho…
Leve… transparente… esvoaçando ao vento que soprasse tudo o que é bom….
E te afastasse de ti todos os teus medos.
Quem dera te amamentar novamente…
E, desta vez… te amamentar resoluções…
De todos os sentimentos que não consegues resolver… suplantar… compreender.
Sim… eu vos alimentaria de entendimentos….
Só para não te ver chorar…
Sofrer… perder-se em si mesma.
Crescer… não queria que cresceste…
Será isto patético… egoísta de mim?

Vem… minha menina….
Reconhece-me… não como tanta coisa… não sou.
Reconhece-me apenas como aquela que te deu a vida…
E te daria a própria vida… se necessário fosse…
Haja que não preciso de vida em mim… sem tua vida.

Minha doce menina… deita em meu colo como outrora…
Descansa em mim os teus pensamentos aflitos.
E minhas mãos… sobre os teu lindos cabelos….
Possa eu afagar e, ao mesmo tempo, dissolver…
Todos os pensamentos que te aflingem… quero ser bálsamo à ti.
Teu porto… tua paz… teu norte – não te percas…

Vem, minha menina…
Permita-me ser quem sou…
Permita-me te amar inteira…
Permita-me conhecer-te… sem restrições.
Permita-me entrar novamente na gruta escura do teu coração…
Que fechou-se para mim… que retirou-me a paz.
Sim… levarei um candeeiro… aquecerei-o e se fará luz!!
Há muita luz na gruta do teu coração… deixa-me encontrá-la…
Permita-me… minha menina.
Permita-me.

Karla Mello
Agosto/2010


karla.melo66@hotmail.com"Nao tenho ambições nem desejos. Ser poeta nao e uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho." (Fernando Pessoa)

 
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