quadro negro

tenho agora uma menina que vive em frente dos meus olhos. ela também tem uns olhos grandes. negros. ainda alcança mais mundo dos que os meus – dentro da sua toca tem um quadro negro. escrito. com tudo que é seu – olhei e de tanta palavra junta não fui capaz de ler nem uma palavrinha de duas sílabas – eram dela. apenas dela. não lhe podia roubar nem que fosse apenas um ponto de exclamação – ceguei. ceguei porque só leio o que me dão a ler – o quadro negro estava tão ali escancarado. tão branco do giz. com tanta alma. talvez com toda a ventura por ter sido escrito como quem acaba de passar o cabo das tormentas – podia passar as mãos. roubar as palavras. mas o giz. esse. que tem a alma de quem escreve ficaria desfeito em pó – vesti-me de menina e pensei como o passado é capaz de roubar palavras – mas o giz nunca mais é recuperável – as palavras podemos sempre voltar a escreve-las

beijo

sampaio(r)ego

desta vez as palavras são tão verdadeiras que seria uma desonra refazer o comentário que fiz á sterea. mesmo que voltasse a dizer o mesmo por outras palavras

obrigado pela leitura e comentário

sampaio(r)ego

assim se vê branco onde apenas havia preto

obrigado pela leitura GeMuniz

sampaio(r)ego

essa história não acaba - havia um velho homem. não muito velho. mas que tinha a capacidade de saber coisas. coisas que às vezes não eram quase nada - o que sabia mesmo era de uma caixa onde era capaz de guardar tudo que pudesse fazer terminar histórias - um dia também tu terás uma caixa assim. e todas as histórias no mundo serão intermináveis.

beijo

sampaio(r)ego