- Para onde foram todos? Julguei estarem aqui juntinhos na festa, bem arrumadinhos; fato e gravata, vestidos e saltos altos, cabelos em forma de meias luas com um gancho a brilhar na nuca.
- Na nuca? Mas os ganchos não servem para brilhar e muito menos nas nucas. Servem, isso sim, para beliscarem os mais desprevenidos. As nucas são um ponto de passagem, traçando rectas e firmando os pontos em direcção ao centro onde a cabeça se encaixa. Eu estou pronta.
- Não te queiras saber, num circulo fechado. Porque irias à minha festa? Só se criam momentos, se cada um trouxer uma nova beliscadura. Faremos de um gancho, uma linha perpendicular à cercadura, rodopiando, rodopiando até atingir os fios de cabelo de todos os crânios, pensantes e não pensantes
- Pensava eu que sim, que iria estar de mãos dadas contigo. Onde irei colocar as mãos ao saber-te numa festa e eu sem poder escrever-te? Pelo menos imprimir-te algumas letras, quiçá uma palavra que colocasse em relevo a dimensão da tua festa. Depois, viríamos para casa de mãos dadas...
Resulto de um modo de dizer as coisas, simples e belas, e tu és o meu guia, o meu assunto do dia, para me dizeres também, de quando tudo era branco nos meus olhos…
Epifania & Ainafipe