Escrever é quase como que uma despedida,
É saudade, que vai e vem, ao ser cumprida,
Ficando os fios dos fragmentos descarnados,
Quando se tenta ligar os versos enviesados.
Escrever é também sinónimo de jus solidão,
Quando se escreve com o que está mais à mão,
Despretensiosíssimo condimento do autor,
Que tudo faz irmãmente pela palavra amor.
Escrever é ainda um cumprimento saudável,
Onde se cozem linhas num ramal infindável
De cores, como que pintando um belo quadro,
Do menino a lágrima, do velho o seu arado.
Quem queira aqui escrever não acha da rima
O seu perímetro, antes um rio por aí acima,
Delegando no poeta a tarefa de o desvendar,
Com seus dedos a pluma negra a desfilar.
Escrever é tudo isso e muito mais, escutem:
Se as palavras e o verso não perscrutem,
Então deixem a poesia num canto a descansar,
Que ela bem precisa de seus fins desvendar.
Jorge Humberto
18/08/07