Falta-me tempo no Tempo das noites salpicadas
de vivências nascidas nos dias
por contar;
Pego no copo vazio das quimeras roubadas
ao Tempo de ser o passo em frente
na vida esculpida apressadamente,
por vezes sem sentido,
e vejo-me perdido no fundo, sem saída...
Sou a cama do Tempo onde me deito
e onde de olhos fechados vejo desfilar
os momentos perdidos nos caminhos
onde me encontrei
sem saber que as pontes atravessadas
me deixavam na margem onde o Tempo
me acolhia
para me mostrar a negação de ser Eu;
Sinto-me agora no Tempo
que falta
revendo-me em cada pedaço
que formou a Verdade não aceite
pelo receio de descobrir que o Tempo
sempre esteve em tudo
o que me fugiu
por entre os dedos que pegavam o copo
das ilusões sem tempo.
"A ausência só é efectiva quando a presença nos é, ou foi, indiferente" (Ajota)