Vem
Mesmo que tudo chora diferente
Mesmo que eu não tenha mais tempo
Não deixes um desejo ir embora
Num frio horrível dormente.
Vem
Leva-me por bem ou por mal
Mesmo em um barco sem leme
Pinte sempre meu sertão triste
Deixando os campos por igual.
Vem
Pelo pouco que ainda se tem
Mesmo que não passeio em rios
Ou ventos que não soltem cantos
pois eles agora exclamam chorando
Vem
mesmo que as flolhas verdes caem
Se despedindo dos caules nus
Pois sei que o tempo passa sorrindo
Até quando se tem amargos gemidos.
Vem
Mesmo que a aurora soluce
Sepultando as flores dos rios
Que estão débeis, tristes, loucas
Apenas vem beijando minha boca.