Primavera. Os prados, as florestas os jardins, tudo é colorido. O perfume das mais variadas flores pairavam no ar. Aqui e ali, as aves esvoaçavam em voos de felicidade, em voos de liberdade.. O cuco, dava sinais de vida, os rouxinóis, cantavam as suas canções preferidas nos roseirais As andorinhas voando baixinho procuravam a água e o material necessário para construir os seus ninhos nos beirais dos telhados. Mais além, um coelhinho saltitando e procurando a erva tenrinha para a sua alimentação.
Na orla da floresta, um belo veado de pontas redondas e ramosas tendo a seu lado a sua fiel esposa a dona veada esbelta como sempre, admiravam o prado verdejante e ao mesmo tempo verificavam se não havia naquelas bandas um caçador que abundava naquelas paragens para poderem ir tranquilos tomar a sua primeira refeição do dia.
O Sol começava a brilhar dando ainda mais beleza àquele extenso e belo prado. Nada de caçadores no horizonte. Sem problemas, lá seguiram no seu passo tranquilo, trocando impressões sobre o dia, qual erva iriam eles encontrar enfim, nada de especial
Nada de especial, até um certo momento. Vindo do bosque um javali apareceu, um pouco carrancudo, com cara de poucos amigos.
-Caro veado, exclamou o javali, por acaso não viram por aqui a minha esposa, não? -Que eu saiba, não, pois como quer que eu a reconheça, vocês são todos iguais, castanho escuro, e colocando a mão na boca, disse na orelha da veada, e muito sujos!... -Pode ter razão, mas nem sempre é assim! -Nem sempre é assim? Eu, e a minha esposa aqui presente, nunca vimos de outra cor. -É verdade, é, disse a veada, nunca vimos de outra cor. -Pois tirem essa ideia da cabeça, a minha javalina, tem duas cores, castanho escuro e branco, disse o javali todo ufano. -Essa agora? Um javali castanho e branco.... por acaso não está a brincar comigo, não? -Não, não estou, olhe, a prova, ela vem lá ao fundo do bosque. -Minha querida, vem te juntar a nós, gritou o javali. A javalina, veio apressada, curiosa de saber o que se passava. O veado esfregava os olhos pois não acreditava no que via, uma javalina castanha e branca, esta está boa! -Pode-me explicar como isso é possível? Nunca vi nada igual. -Mas não há nada de especial, caro veado, nada de especial, eu conto. O pai da minha javalina era castanho escuro, escuro como eu, pronto, e um dia foi dar uma volta pelos prados vizinhos, perdeu-se e encontrou numa quinta um grande pocilga onde passou a noite. Viu uma porca ainda jovem e solteira e foi amor à primeira vista. Ela era branca. Os meses passaram e nasceram os porquinhos, ou javalizinhos , nem sei como dizer, e a minha javalina aqui presente, nasceu assim castanha e branca. -E então resto da família não se importou que ele tivesse escolhido uma porca e ainda por cima branca? -Nem por sombras, isso da descriminação e racismo, existe no bicho homem, mas nós somos civilizados, para nós todos somos iguais, não importa a cor nem a raça!
Limpa as lágrimas, javalina e diz adeus a este casal de veados muito simpáticos. -Até á vista, -Até sempre disse o veado, E lá ficou atónito a ver aquele casal partir, que não tendo a mesma cor, eram felizes
fim
Os animais não se diferenciam entre eles. Que bom que o homem sendo differente não é igual? ( todos diferentes,todos iguais) não haveria menos problemas?
A. da fonseca
Este pequeno conto infatil, foi inspirado por ter visto atravessr a estrada quando eu conduzia o meu carro, um javali castanho e branco. Intrigado, escrevi à Federação Francesa de Caça e me foi confirmado e têm o nome de cochonglier, fruto de um crusamento entre o javali e o porco ou a porca