Jamais te evadirás deste jardim. Há sementes largadas neste chão que piso e na limpidez das águas, há um esboço de ti que anseia pelo novo clarear do mundo.
Nos sonhos que percorro, há uma fonte inesgotável que jamais secará enquanto estiveres por perto. Sei-Te nessa imensidão, onde os momentos são eternos e há planícies inteiras à espera do sol do verão...
(Recomeço sempre que te ouço chegar)
Continuo desbravando o Sol intenso do teu olhar. Fecundei-o no meu peito, em dias sem sol no mar. Há neste caminhar, um encontro que se avizinha numa imensidão de vastas planícies que emergem para lá do firmamento. Caminho sempre rumo à liberdade do Ser e entre as férteis searas, relembro sempre o teu rosto magro, enfeitando os meus dias. Há na luz que me alumia, um pacto trazido pelas estrelas que caíram um dia.
(Lembras quando foi que nos beijaram e nos conduziram para sul?)
Ficaram os ornamentos e partiram os desejos de ti em mim. Porque será que secaram todas as rosas que plantei nesse jardim? Porque me tomas desse jeito anémico se sou já a fuga nos caminhos que trilhamos? Há na candura da minha alma, um apagão...Já nada se move e nem as folhas secas no fim do verão...Sou só brisa que abraças.
Há em cada palavra tua, a respiração certa para te afirmares na força das marés, nesse encontro que te espera no lusco-fusco...Semeias a luz por onde passas; em cada sílaba, em cada verbo, em cada sol posto, e até na ausência de luz, esse teu cansaço reluz.
(Saúda-te daqui, este divino presente em mim e em ti)
Uma presença sempre presente nas noites em que os fantasmas te invadem e te dizem como deverás cair nas malhas da uma singela paixão. É onde tudo se mostra quando da unificação dos Deuses, e tu calas paixões que te assolam a cada instante...
Toma-me neste abraço, partilhando comigo as noites que velam por todos os náufragos. Há vidas por descobrir nas luzes da ribalta, mas dessas já te esqueceste porque existes na tua própria luz. É nela que me encontro, sempre que habito um lugar disforme na terra que me viu nascer antes do tempo. Tenro de idade e de vidas deixadas noutras eras, te volveste interno ao ventre que te viu crescer.
Diz-me de ti nesse mar profundo onde habitas que te quero encontrar para lá de mim. Dá-me só um sinal, que me quero ver no teu corpo a caminhar por sobre as vestes que carregas. Serei amante interna do teu querer renascer de novo...
(texto dedicado a Jomasipe em 27/10/09)