E lá vai o pensamento cortando tempos,
Vagando o infinito em prosa sem tramela,
E vai rompendo todos os versos e rimas,
Compondo sonhos a seu bel prazer e deleite.
Correndo passado e resgatando aromas mil,
Ou passeando pelo porvir em desejos ou sonhos,
Pousando onde você passa, rebuscando beijos,
Levando-a a passear comigo pelas estrelas.
Vai pensamento, vai, não se confunda com sonhos,
Não se perca no tempo que não desejo que volte,
Não se prenda as teias dos desejos que superei,
Nem resgate lembranças que tragam melancolia.
Melhor que sossegues e sentes aqui do meu lado,
Aprecie tudo que me rodeia e meus olhos avistam,
Apenas cale e aprecie a noite que encobre o mundo,
Sinta comigo a vento que sopra tão brandamente,
Trazendo consigo o aroma dos tempos em flor,
Sem carecer da tua frenética e veloz intromissão.
Sossega pensamento, apenas proteja minha lucidez,
Permita a inércia morna que meu coração tanto pede,
Não quero saudade, não quero lembranças ardidas,
Nem quero o deslumbre colorido de sonhos repetidos,
Quero só que cales e balangue a rede que me acolhe,
Enquanto olho o céu, as estrelas e a lua que me acarinha.