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PROFANA

 
Quão imaculado o ventre da maria...
Quão vil comparar, com este, o ventre que te gerou... O meu.
A maior expressão do amor nos trouxe a maria.
A melhor expressão do existir humano gerou-se em tua prima casa...
O ventre de tua mãe.
Sim... Um menino enviado tornou-se homem e salvou o mundo.
Sim... Um menino tornou-se homem e, desde sempre, salvou um único mundo.
Só amor... O filho da maria.
Só humildade, doação, sabedoria... O filho da maria.
Pureza, bondade, retidão... Este trás, o filho da outra.
Generosidade, compaixão, amor a todas as criaturas...
Pois que te identificas com elas. Eu sei... Com todas elas.
Em todas elas há um pouco de ti.
Ou seria em ti que residiria muito da criação?

É aniversário do filho da maria.
Que ainda verbo... Habita entre os que o querem.
É aniversário do filho da outra...
Que agora homem...
Habita permanentemente nos melhores pensamentos daquela que o gerou.
O menino desejado e gerado no ventre de sua mãe.
E aquele verbo que se fez carne... Faz morada em meu coração.

Seria profana a mãe que ama ardentemente seu filho
Perceber nele gestos generosos do filho da maria?
Seria profana a mãe bendizer este fruto
Gerado em seu ventre maculado...
Quão humildemente distante da imaculada maria?
Seria profana a mãe morrer de amores por aquele a quem daria sua própria vida?
(seria profano dar-lhe a própria vida?)
E sentir seus amores... Suas dores... Suas alegrias e decepções...
Sempre perceptíveis a ela. Apenas a ela...
Através das janelas transparentes de sua alma?

Sim... É natal.
Dois meninos nasceram.
Um... Filho da imaculada maria...
Predestinado e salvador do mundo.
Outro... Filho da outra.
Predestinado e salvador do mundo daquela que o gerou.
Do seu universo interior confuso...
Onde ela esconde todos os seus medos.
Onde nunca se sente sozinha.
Onde sempre profana baixinho...
“Pedro... Tu és pedra. E sobre ti edificarei a minha existência”.
Não tenhas medo, pedro.
Não importa onde... Quando... Nunca estarás sozinho.
Estarei sempre contigo.

Karla Mello
23/dez/2009


karla.melo66@hotmail.com"Nao tenho ambições nem desejos. Ser poeta nao e uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho." (Fernando Pessoa)

 
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