“Fazer amor sob as estrelas do Recife”.
Como tu consegues dizer-me algo assim?
Sentir algo assim por mim... E por minha recife?
Mulheres que nunca tocaste ou sentiste o seu cheiro.
Cheiro de cabelo secado ao vento... De orvalho... De mato molhado... De sertão.
Recife que amo tanto.
Tu... A quem amo sempre... E para sempre.
Uma... Que me pertence desde que nascí...
Outro que me pertence desde sempre... E sempre.
Pronto...
Findou-se em mim a tortura do que ainda se estava por explicar.
Findou-se a gonia do que ainda se estava por escutar...
Escutei... E tive misericórdia de ti... E de mim.
Usas-te a palavra certa... Mas, uma redundância enfim.
É... Eu já a conhecia.
Sentí uma enorme dor em meu peito.
A dor do julgo... A dor do uso... A dor de ser brinquedo sem se pretender.
E como a dor que sentem as mulheres parideiras...
Nascí, então... De novo.
Parí-me... E já me reinvento para a próxima jornada.
Quero parar... Não posso.
Quero cansar... Não consigo.
Existo inteira para ti, enfim.
E posso levar comigo, em paz, minha bagagem...
Alívio.
Cheia de coisas tão minhas... Agora tão minhas e tuas.
E estou pronta.
Amor de minha vida... Amas-me com tudo o que levo a ti...
Me aceita e perdoa-me todas as insensatezes deste meu coração verdadeiro.
Posto que tu também estás em minha insensatez...
De querer-te tanto e para sempre...
E que tua história morra em mim... Pois que a minha acaba em ti.
E presta atenção... Minha recife que amo tanto...
Assistes!
Hoje minh’alma não chora... Como sei que costumavas sentí-la.
Hoje... Ela canta, brinca e é feliz.
Sim... Sei que sentes!
Sob o teu céu de anil profundo...
Regozijas por mim, minha cidade tão amada!
E abençoa esta tua filha, minha recife...
Pois hoje... Tua filha ama como uma mulher.
Tua filha transborda de amores e de felicidade.
Deixar-te-ei... E retornarei um dia.
Não sei ainda como... Quando...
Não... Não me faças perguntas de mãe aflita.
Pois sei que repousarei minha saudade sobre ti.
E estarás sempre em mim... Pois sou impregnada de ti.
Mas antes, minha mãe, minha senhora...
Abençoas o meu amor...
E me permitas este encontro em tua casa.
e amar intensamente o meu grande amor...
Sob o véu de estrelas do teu céu.
Abençoa-nos, minha recife.
E agurda... Pacientemente, a tua filha que tanto te ama.
Karla Mello
dezembro/2009.
karla.melo66@hotmail.com"Nao tenho ambições nem desejos. Ser poeta nao e uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho." (Fernando Pessoa)