Tu vais chegar
Com o teu olhar de delírio
Indomável
Selvagem
Impudente.
Já sinto um arrepio na espinha
E tenho no ouvido o ruído
Do vidro rasgado
Por um pedaço de plástico!
Já teci os lençóis azuis
E perfumei-os com mel
Fechei as cortinas
E acendi uma vela
Que cheira a nenúfar
Pelo chão espalhei
Miosótis
E pelo espaço
Andam mariposas
De todas as cores.
Não me esqueci
Daquela manta acetinada
Vermelha
Para te envolveres
Em provocação
Num esconde e mostra
A nudez.
Ah mas ainda me falta
Fazer tanta coisa!
Nem sei por onde começar!
O meu coração pula
A saliva vem à boca
E as mãos tremem.
Não consigo dormir
Não consigo comer
E com tanto que fazer
Fico suspensa
A sonhar...
Ah amor,
Que ansiedade!
Nunca mais te
Vejo chegar!...