Não consigo mais dizer do que fui...
Não reconheço mais aquela face.
Meus dias não são mais iguais... engessados.
Não pertenço àquele rosto triste.
No imenso navio... minha vida.
Antes, uma eterna dicotomia...
Entre a força de amar que há em mim
E a ausência de porto a ancorá-lo.
És meu porto seguro...
Onde ancoro, hoje, meus desejos mais íntimos.
Meus segredos mais profundos...
O meu amor maior.
Meus dias são repletos de ti...
Vivo plena de ti... saciada de ti.
Do que pensas ao que que gritas por teus poros.
Nas nossas noites de sussurros, quase mudos...
Onde ainda não nos é permitido gritar.
Gritar... sim, gritar.
Queria poder gritar para o mundo...
Que sou livre... estou liberta.
Que nasço em ti e morro em ti.
Que és meu princípio e meu fim.
Porque nascer em ti... faz-me morrer de amores.
Porque morrer em ti... sucumbe minh’alma a cada dia.
De uma saudade que não tem cheiro...
Onde não há o toque de tuas mãos em meu corpo...
Onde não há minha lágrima a molhar tua face...
Onde nossas mãos não conseguem se encontrar...
Mas há sim... uma estranha necessidade de existir...
E de, assim, se bastar.
Karla Mello
Outubro/2009
karla.melo66@hotmail.com"Nao tenho ambições nem desejos. Ser poeta nao e uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho." (Fernando Pessoa)