Solidão...
Quem ousaria dizer que esta não nos acompanha sempre?
Mesmo quando se pensa estar-se muito amado... Compreendido por alguém.
Quem ousaria dizer que, às vezes, muitas vezes...
É salutar para nossa alma?
Chega para nos fazer companhia... Sorrateiramente.
E nos faz crescer... Nas horas em que mais precismos de alguém.
Nas nossas horas sombrias... Nas nossas horas de decisões.
Solidão...
Ah... Maravilhosa companheira.
Põe cada pensamento sobre o mundo...
Sobre as pessoas... No seu lugar de origem.
Sejas precisa... Cuidadosa... E não mintas.
Sejas criteriosa o bastante e extremamente meticulosa.
Solidão...
Estejas presente em minha vida sempre...
Nas minhas dores... Nas minhas agonias existenciais.
Sempre tão paciente... Mas, ao mesmo tempo, um tanto irônica.
Sim... Perceba-me absolutamente desacompanhada de mim mesma.
Necessites deste lugar para permaneceres absoluta.
Solidão...
Entras pelas portas do meu coração.
Faz-me ver o mundo e as pessoas...
Não como num baile a fantasia...
Onde cada um é o que se quer ser.
Onde se brinca muito e tanto com a vida das pessoas.
Como num tabuleiro de um jogo medíocre qualquer.
Solidão...
Entras pelas portas do meu coração...
Estou frágil... E só tenho a ti.
Vens... Faz-me companhia.
No final... Apenas tu entendes a loucura de minha pequeníssima existência.
Vens... Como todas as vezes.
Faz-me companhia e não me deixes só.
Karla Mello
Janeiro/2010
karla.melo66@hotmail.com"Nao tenho ambições nem desejos. Ser poeta nao e uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho." (Fernando Pessoa)