Mesmo cansada a velha ave voa!
Voa pela lagoa, voa ante o cansaço
Mesmo ferida em pena, no espaço
A velha ave voa, a velha ave ecoa...
Um grito puro em seu peito de aço!
A velha ave que voou eternidade
E pousou frágil entre o regaço
Suas penas já sem penas pela idade!
Já sentindo que seu fim aponta
A velha ave então quase louca
Sente o frio na palma da alma...
Ave velha do mistral...
Queira a paz fincar-lhe o punhal
E morreres enfim de braços com a calma!
"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende." (Guimarães Rosa)