Sobre a mesa uma folha de papel,
Branca e límpida, pura e receptiva,
Pronta para receber qualquer destino.
Entre os dedos uma caneta,
Sujeita a qualquer ordem.
Submissa, servil, obediente e cega,
Pronta para sacramentar destinos.
Um ser, uma mente que lateja,
Pronta para o dito e o veredicto,
Imaginação fluindo, viajando muito além,
Dos traços que pintam a branca folha,
Do passeio da caneta que dança e marca.
As letras traçadas sobre o branco submisso,
A caneta que passeia compondo palavras,
Traçam dores feito cortes na carne virgem.
Um envelope de coração gélido,
Abarca e sela o contexto da mente fria,
A caneta já fez seu papel escravo,
O papel preso ignorando a dor que contém.
Outro ser que chega atento,
Sobre a mesa o envelope com seu nome,
Libertada a folha antes branca e pura,
Agora transformada em fria despedida,
Fazendo derramar lágrimas sobre o papel.
Chora o ser, mancha-se o papel,
Desfazem-se as palavras traçadas,
Ficam as dores no coração relegado.