Vem Lídia!
Vem vagarosamente ver passar o rio.
Vede Lídia! Vede como passa o rio!
Vede que passa acelerado;
E nós aqui tão parados os dois
Neste alto penhasco de tempo parado.
Vede que grande ele é Lídia;
Esse rio que corre ao contrário.
E nós Lídia e nós!
Tão pequenos, aqui a vê-lo correr…
Salgado é esse rio.
São lágrimas!
Lágrimas de quem aqui as deixou
Que se cansou a passar o rio…
E nós Lídia, que só queremos ver passar o rio.
Porque o rio corre forte e nós não temos força!
Vê Lídia, meu amor sem amor.
Porque não vale de nada amarmo-nos
E afogarmo-nos nesse outro rio.
Levantemo-nos para ver mais longe.
Sem grandes curiosidades nem olhares longínquos
Que demonstrem interesse algum;
Porque Lídia vede, que só queremos ver passar
O rio que corre já lá longe sem nós…
Olhai Lídia! Olhai mas sem pressa alguma
E vede aquele peixe entre as rochas.
Que pugna o peixe;
Que seria desafortunado
Se por compaixão eu sentisse pena;
Mas Lídia de nada vale sentimentos fortes;
Nem ter tristeza do peixe condenado.
Porque sim Lídia esse peixe vai morrer!
Sim Lídia porque o rio corre e nunca tem fim.
Mas findam-se os que nele tentam correr…
Olhemos abaixo Lídia
E não esperemos por sinal nenhum
Porque o rio só passa e não nos dá sinais p'ra coisa alguma.
Vede agora Lídia sem medos alguns
Que p'ra nós que aprendemos
Chegada a hora é,
Demos então as nossas mãos…
Mas sem pressas nem bateres fortes de coração.
Saltemos Lídia!
Para o rio que aprendemos a ver correr
Corremos então; mas sem pressas!
Sem pressas nesse rio!
Porque que vale a pressa que o rio não se apressa…