Às vezes...
Rasga-se esta vontade inquieta, permanente e fria
De desfazer em poeira a dolência dos dias
De reduzir a noite à preposição mais clara
De sorver da alma um hálito novo
Às vezes…
Embriagam-se os passos dementes
E no fio que me escreve apreso a vontade
Esta infame e impensada agonia
De querer que o presente se transforme em saudade
Às vezes…
Tudo é menor que a lua que brilha
E nem lagos nem fontes saciam o nada
De ser e não ter a verdade incomum
De ficar adiada no tempo, perdida e achada…
Às vezes
Maria João Martins
Dezembro 2009