Quando o prisioneiro se prostra no chão, à humilhação do carrasco, sabe que está a perder toda a dignidade, como ser humano. Mas que outra coisa pode ele fazer, quando está sobre o jugo do tirano, que o escraviza e o trata com desdém? Há muitos inocentes presos e há os que não sendo reconhecem o seu erro e tornam-se em pessoas de bem. Que direito temos nós em estigmatizar um prisioneiro, quando este cumpre sua pena se arrepende e ganha a liberdade, por muitos há muito esperada? Em nossa vida passamos por situações que nos superam, e tomam-se atitudes, de todo impensáveis, até para quem comete o delito, mas naquele momento, naquela hora, não se vislumbra luz a horizonte.
Depois do acto cometido, contra outrem, o delinquente deve ser preso, mas defendido dos seus direitos e deveres, por um juiz imparcial, ajudado por um advogado, que lhe acuda e oriente, a ser humilde e a reconhecer o seu erro, perante a sociedade. Depois de ser encarcerado o prisioneiro deve ser tratado como um ser humano, e não vexado pelas autoridades, que o têm em mãos. Deve ter o direito ao trabalho e aos estudos e deve-se ajudá-lo no seu reencaminhamento, para quando a liberdade vier, viver a sua vida honrosamente. Mas não é isso que se vê, mas sim preconceitos, para com o prisioneiro, negando-lhe todos os direitos humanos e próprios de um ser humano.
Vive sem condições sanitárias, alimenta-se de expedientes e não tem roupa que o cubra do frio, nas noites invernosas. É enviado para o «buraco», quando levanta a voz, indignado pelos maus tratos, e sofre de sevícias tais sendo submetido à escuridão e sendo alimentado a pão e água. É-lhe retirado o direito ao recreio e ao convívio com os outros prisioneiros. Dentro de grades não se pode revoltar contra as injustiças, que sobre ele recaem, se não quer ficar marcado como indisciplinado, quando o que quer é ser respeitado e estar num cárcere, longe de assassinos e corruptos, que não têm emenda. (Estou a falar de um prisioneiro, que cometeu um prejuízo, para alimentar o vício, e não de um homicida).
Os próprios guardas corrompem-se e deixam entrar droga na prisão, para ter os prisioneiros sobre controlo. Mistura-se simples delinquentes com assassinos em série, e sujeitam o prisioneiro àquilo que ele tentava fugir, na sua desgraça. O que acontece, é que esse simples prisioneiro, vai aprender e apreender todos esses recursos, que um ladrão assassino têm em mangas, e quando sai para a rua sai uma pior pessoa, se não tiver muita personalidade para enfrentar a cadeia e não se deixar influenciar, ocupando os seus dias a trabalhar e a estudar. Porque da parte dos guardas, ele não significa nada para eles. É um simples número, com roupa listrada, sujeito ao cativeiro, junto das piores personalidades.
O que eu reclamo é diferenciação para os certos tipos de delinquência. Não se pode submeter, quem foi apanhado com duas doses de heroína, para o seu consumo, à sujeição de ter de viver numa prisão, junto com os piores criminosos. Deve-se dar a hipótese a uma nova vida, dentro do cárcere, juntando jovens viciados, com outros jovens viciados, afastando-os dos que fazem do crime o seu modo de vida. Deve-se dar trabalho e estudos e acarinha-los, perante as suas boas acções, na prisão, fazendo por terem uma melhor vida e um aprendizado, para quando saírem em liberdade. Libertem os prisioneiros, do seu vício, tratando-os com dignidade e igualdade.
Jorge Humberto
25/09/10