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Esta crónica é gratuita (mas aceitam-se donativos...)

 
 
Talvez ninguém se aperceba, da altura por onde passeiam os olhos, - não gosto de ser tropeço de ninguém, nem impugno a sombra dos outros - mas tenho andado agachada. É que perdi qualquer coisa, não-sei-o-quê, coisa-de-nada, só sei que sem ela não funciono lá muito bem - quem sabe um parafuso da cabeça, um apóstrofo dos ligamentos, uma língua de fogo do espírito, uma gota de sangue da guelra, a cedilha precisa da minha forca... Está-se mesmo a ver que procurar coisa tão mínima é tentar encontrar agulha em palheiro...
Tenho andado agachada. E digo-lhes, desta perspectiva, pode não se atingir a altíssima visão de superiores contemplantes, mas, acreditem, dá para reconhecer a qualidade da "labaige" que comem, pelo esterco que fazem.
E não é que seja nada comigo. Eu até tenho andado agachada, longe de mim disputar as alturas com quem tem o nome lavrado em pergaminhos e jornas garantidas em róis de parede! Não. Mas, o que me resta de pelo na venta (pouco, que também não nego pertencer à era boneca-de-cera) ainda se irrita com descuidos ácidos de quem não respeita o ar que pisa.
A cada um, a sua escrita. A cada um, a sua leitura. A cada um, a dívida de respeito à Língua Portuguesa - isso é a única coisa que não perdoo, porque há ferramentas, falta é força de braços. E a cada um desses uns, o respeito que deve à língua e a quem a guarda na boca (ou fora...).
Não é que eu não possa com o Luso. Posso, sim senhor (mesmo agachada - ou talvez por isso...). Mas vou, aqui e agora, arrear o peso de ser rotulada de puta velha (velha puta soa-me a sabida, coisa que eu não sou, e, além disso, velha puta pode ser nova, não é?...), só porque sou velha e, de vez em quando, leio e comento quem me apetece ler e comentar! Ah, vou!!
E mais!... mesmo sem o tal pormenor parafuso-apóstrofo-línguadefogo-gotadesanguedaguelra-cedilhadaforca... ainda me arrisco a filosofar:

Quem não pode, fode.


Teresa Teixeira


 
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Sterea
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/09/2010 10:48  Atualizado: 25/09/2010 10:48
 Re: Esta crónica é gratuita (mas aceitam-se donativos...)
Ola Sterea

Eu também tenho andado agachada. Mas vejo e sinto. E vi nesta manhã de sábado alguem ser desconsiderado assim como todos os que lêem e comentam este poeta. A falta de respeito já é vulgaridade; sendo que só se torna notório quando persegue e ofende. Deve ser os olhos com que vê todas as mulheres: putas velhas e isto denota um trauma que urge como já alguem mais que uma vez sugeriu, ser tratado.


Beijo azul

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/09/2010 11:42  Atualizado: 25/09/2010 11:42
 Re: Esta crónica é gratuita (mas aceitam-se donativos...)
Querida poetisa sterea,
As ferramentas são só para terceiros: estão enferrujadas, tal como os princípios, e nas mãos da matilha.
Este é mais um exemplo do principado sem vergonha da psicose poética que não distingue o domínio do imaginário estético do domínio da realidade dos factos e dos cidadãos: o mundo onírico criado pelo “poeta” confunde-se com a realidade – sintoma patológico de um paciente que sofre de esquizofrenia.
A sua escrita corresponde ao grau zero da literatura, assim como o seu discurso, que, de tão absurdo, não possui valor de verdade nem de objectividade nem de credibilidade nem de responsabilidade.
Como tal, o tal é inimputável e precisa de ser compensado com medicação para não ser agressivo e não lesar a dignidade pessoal (física, intelectual ou moral), de terceiros.
Isso já depende da administração sanitária, a qual, se fôr competente, trata imediatamente da saúde dos doentes, mas, nesta terra, está tudo entregue aos bichos e é um salve-se quem puder.
Vacinemo-nos e mantenhamo-nos distantes, colococando os tais de quarentena, no isolamento da indiferença.
bjs
nuno

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/09/2010 12:33  Atualizado: 25/09/2010 12:33
 Re: Esta crónica é gratuita (mas aceitam-se donativos...) / Sterea
Sterea ,

"falta é força de braços"

Bem me apetecia dizer umas coisas, mas tal como tu e a haeremai e tantos/as outros/as , também ando agachado , como dar o Don Activo que tu aceitas ?
Agachado é difícil ... talvez com um pouco de gin elástica as art ti cu la acções voltem a ganhar a flexibilidade tão necessária !
Pois , pois , quem não diz pó , diz fó !

beijos

Enviado por Tópico
Betha Mendonça
Publicado: 25/09/2010 17:34  Atualizado: 25/09/2010 17:34
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 Re: Esta crónica é gratuita (mas aceitam-se donativos...)
Querida,
De tão agachada que ando por cá, quase já não sou vista.E ainda não encontrei um não-sei-o-que de coisa que se ache ao procurar...Inteligente e prazeroso de ler e refletir.
Bjins, Betha.

Enviado por Tópico
Liliana Jardim
Publicado: 25/09/2010 20:18  Atualizado: 25/09/2010 20:18
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 Re: Esta crónica é gratuita (mas aceitam-se donativos...)
Ola Sterea

Li com agrado o teu texto poetisa, entendo o seu nascimento, identifiquei-me com ele, menos no andar agachada, isso acho que não, o que consideras agachada(se entendi bem), para mim pode ser uma opção.

Beijinhos
Tudo de bom para ti

Enviado por Tópico
ÔNIX
Publicado: 25/09/2010 23:03  Atualizado: 25/09/2010 23:09
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 Re: Esta crónica é gratuita (mas aceitam-se donativos...)
Talvez ninguém se aperceba, da altura por onde passeiam os olhos (sterea)


Talvez a altura seja aquela que nos diz que os olhos transportam partículas de uma fonte onde nascem todos os credos. Mas se esses mesmos credos, transportarem cruzes para crucificar almas em estado ainda de migração para um modo informe, então as mesmas servirão para uniformizar todos os momentos que se exponham a elas, para que na origem, se desfaçam todos os males de que padece o espírito. Somos um corpo a vestir uma alma que vagueia sem destino ao encontro de todos os destinos que se cruzam, ou uma alma que veste um esqueleto, na esperança de que este, assimile as formas e que de informes, passem ao estado paralelo, entre um estado e outro.

Aí temos as formas, mais que ajustadas na periferia de um corpo, e que ao habitá-las nos tomaremos de novas formas e por conseguinte, nos consentimos Ser num mundo, onde temos lugar. Fazer desse lugar, um espaço aberto, para que na partilha se possa desenvolver uma nova teoria do pensamento, e dizer que o nosso mundo se abriu ao nosso semelhante, é unificar todas as formas de pensar e dizermo-nos sem preconceitos de qualquer espécie, para que não haja interferências, quer no nosso corpo, quer na nossa alma. O mundo espera por novos encontros, e serão esses que farão deste mundo, um mundo novo a reerguer-se das sombras onde habita.

Um texto que me deu um imenso prazer ler. Não posso focar-me em determinadas circunstâncias, só no texto, embora o tente fazer na maioria das vezes. Este foi um momento que grande sensibilidade, quer de um texto com ideias muito directas e concisas, quer de uma Mulher que admiro. Gosto de saber que por aqui se encontram poetas que antes de serem poetas, São Pessoas e sabem que nos encontros se constrói, momento a momento vários bons momentos de partilha. Isso, só uma Pessoa que sabe que respeitando o outro, está no caminho para a evolução da espécie e nela estamos nós humanos no caminho, para fazer deste ciclo, novos ciclos a atingir novas teorias de pensamento.

O novo surge assim a alturas desejáveis, onde os nossos olhos possam fechar-se e atingir todas as alturas possíveis, onde sempre estivemos. Lá...


Beijo

Dolores Marques