Casas de negro vestidas
No meio de serras erguidas
Mulheres de negro trajadas
Rostos marcados
De rugas sulcadas.
No regaço
Um molho de couves
Andas pelo campo
Não chamas nem ouves.
Passo apressado
No regresso a casa
Dia terminado
No sonho constante
De rever de novo
O filho emigrante.
Riacho que corres
Com pressa de nada
Chilrear doce
Ouço a passarada.
Pinheiros esguios
Verdes e sombrios
Adoçam a tarde,
O cair da noite
Já trás a saudade.
Olho no além
Vejo mais e mais
Canta o riacho
Cantam os pardais.
Olhar a aldeia orvalhada
Cheirar a terra molhada
Ouvir o rio correr
Pensar no que quero ser.
O cheiro do rosmaninho
Adormecer entre o linho
A serra abraça a aldeia
Num sonho de eterno carinho.
Um quarto arejado
Serviço cuidado
Lençóis de linho bordado
Pela janela
Um eterno quadro
De verde e azul pintado