Poemas -> Dedicatória : 

À ALDEIA DO PIÓDÃO

 
Casas de negro vestidas

No meio de serras erguidas

Mulheres de negro trajadas

Rostos marcados

De rugas sulcadas.



No regaço

Um molho de couves

Andas pelo campo

Não chamas nem ouves.



Passo apressado

No regresso a casa

Dia terminado

No sonho constante

De rever de novo

O filho emigrante.




Riacho que corres

Com pressa de nada

Chilrear doce

Ouço a passarada.



Pinheiros esguios

Verdes e sombrios

Adoçam a tarde,

O cair da noite

Já trás a saudade.



Olho no além

Vejo mais e mais

Canta o riacho

Cantam os pardais.



Olhar a aldeia orvalhada

Cheirar a terra molhada

Ouvir o rio correr

Pensar no que quero ser.



O cheiro do rosmaninho

Adormecer entre o linho

A serra abraça a aldeia

Num sonho de eterno carinho.



Um quarto arejado

Serviço cuidado

Lençóis de linho bordado

Pela janela

Um eterno quadro

De verde e azul pintado


M. TERESA SÁ CARVALHO




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teresa
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