(Para Christiane)
Escrevi a tempo atraz
Palavras que ainda brigam na poesia
Em longos tempos, em tantos acasos
Nos tentandos do passar do tempo,
Segundos de vida de uma metade sofrida
Que entram em mim, por uma oculta rima.
E agora a frente do silêncio triste
Esqueço as antigas formas de dizer,
Nem mesmo sem querer e no despiste,
Consigo construir frases, nem rimar
As palavras: oceanos, rios, luar.
Ontem
Agora quero que as palavras acabem,
Fiquem jogadas num caos desordenado,
Nas frases sem nexo, sem rimas
E quando se cala o silencio,
Que elas se sintam sozinhas.
Brigo com elas, destruo frases,
Amasso, jogo-as no lixo com raiva,
Até digo, não escrevo mais poesia,
Quero ficar no silêncio e ausência
E que se danem, se estraçalhem.
Que elas naveguem em um azul profundo,
Se percam. Caiam em um buraco sem fundo,
Que se quebrem. Embaralhem suas letras,
Fiquem incomprensíveis. Que voem ao longe,
Ao mais longe possível, ao infinito,
Se despedacem, se choquem, mas por favor:
Que Fiquem mudas pelo caminho.
Hoje
Eu me apaixonei por palavras.
Em livros, rabiscos, Poesias,
Na voz que escuto ou falo,
Até mesmo nas minhas escritas,
Que faço sem o devido cuidado.
Isso tudo porque faltava expressões,
Queria palavras com olhares, corações,
Que tivessem cores, até mesmo amores,
E a grande pretensão de serem espelhos,
Para refletir os meus íntimos desejos.
Que bobo fui, a busca estava em mim
retratei, implorei desculpas, pedi,
Percebi que não podia ficar sem elas
E no meio do meu e do choro delas
Reuni então as letras e escrevi:
Que voem ao mais longe possível,
ao infinito até ao impossivel,
Podem ficarem até mudas pelo caminho,
Mas ao chegarem no seu destino
façam sentir quem as lê, só uma frase sozinha:
Eu te amo, Amiga.