Sem eira, nem beira,
Basta uma folha de zinco,
Um feixe de capim,
Um momento a sós.
E é festa pra dois,
Banquete pra nós.
Pra semana inteira.
Eu pra você e você pra mim.
Um olhar, uma insinuação que seja,
E o que basta para alçar chama,
E se tem um lençol, um retalho,
Uma mesa, um sofá, um espelho,
É paixão que borbulha, que inflama,
Sorte de quem se atrai, de quem se deseja.
Que seja um riso somente,
E é teu corpo que reclama,
É calor corpo adentro, é chama,
É desejo que entranha,
E a gente se assanha,
É azeite em chapa quente.
Emerge de simples malícia esse querer,
Que toma corpo e se faz excitação
Traz luxúria, volúpia, sede e paixão,
E viramos lenha seca em brasa,
Fetiche se transforma e cria asa,
Faz teu corpo, meu corpo ascender.
Que sejam versos insinuantes de um poema,
Uma imagem, uma lembrança, uma saudade,
E o desejo se forma, vem, chega e invade,
A vontade se faz do nada cresce, aumenta,
Corpo lateja, arde, vibra, quase arrebenta,
E a gente delira, no mesmo tom, no mesmo tema.