Duetos : 

O 5º Elemento - Sei de um Homem (C/FerreiraDaSilva)

 

- Sei de um homem que caiu num sítio ermo. Esse, já nem servia os pássaros que buscavam novos rumos para um voo mais certeiro. De lá avistou a terra e o céu, mas não conseguiu visualizar os sonhos que lhe mostravam a longitude dos astros. O seu corpo buscava um prazer indefinido, a sua mente centralizava um poder descomunal, os seus olhos rebuscavam no centro da terra, um mito que lhes indicasse como atingir o cosmos. Ficaram só os seus dedos para contar os fragmentos cristalizados no seu peito.

- Um ser com as características que descreves facilmente alcançaria a longitude dos astros, no entanto os astros, estão também eles aprisionados à sua órbita. A questão será sempre a escolha da cela a habitar. O homem tem uma missão, terá eternamente problemas de adaptação corpo-mente e por isso a saudade do amanhã para sempre. Este não se adaptou.

- Há seres que trazem escrito nas palmas das mãos, uma viagem que se sobrepõe à razão da sua própria existência. Ou será que essa mesma razão os conduz para novos encontros, no ponto onde nasce a fogo que os consomem, fazendo-os cair num amontoado de vivências que os inibe de pensar. O pensamento é um acto que os reduz a nada, se esse nada for um objecto a vaguear no espaço em branco que as suas mentes ocupam. Será que essa existência poderá amansar-lhes o olhar, de forma a transcender o objecto e elevarem-se ao ponto de se encontrarem na união dos pontos; pensamento, sentimento e a razão que interfere entre um e outro? O corpo é um depósito de sensações a contrariar-lhes o espaço vazio. Será que o espírito se adequa a este estado obsoleto de um corpo, nos momentos em que a razão o obriga a vaguear pela senda do seu destino?

- ...O seu destino, a sua missão. Um corpo mesmo que aprisionado... (e aqui não concordo com puristas de espécie alguma, porque um corpo nunca poderá navegar fora de uma órbita para sua própria sobrevivência, e como sabemos, as órbitas têm movimentos limitados, como já disse a escolha reside na cela a habitar) ...poderá comportar um espírito livre equilibrando assim os pratos da balança em harmonia e sem resignação mas com a humildade dos sábios aprendizes. Então eu diria que se a convicção for SER, sim vale a pena.






Epifania & Ainafipe vs FerreiradaSilva


Resulto de um modo de dizer as coisas, simples e belas, e tu és o meu guia, o meu assunto do dia, para me dizeres também, de quando tudo era branco nos meus olhos…
Epifania & Ainafipe

 
Autor
Epifania
Autor
 
Texto
Data
Leituras
978
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
12 pontos
4
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
anakosby
Publicado: 21/09/2010 15:42  Atualizado: 21/09/2010 15:42
Colaborador
Usuário desde: 12/04/2010
Localidade: Torres
Mensagens: 1739
 Re: O 5º Elemento - Sei de um Homem (C/FerreiraDaSilva)
Três dos escritores que eu mais gosto de ler.

Pontos, união, espaços em branco na mente, corpos, limitações e espaços infinitos... Tudo em nós, e fora de nós, e transladando o espaço na espaçonave tempo, entre corcéis de astros e estrelas que navegam em um passado que impulsiona anos luzes singrando o espaço sem um rumo definido além do simples brilhar quando o astro mais próximo se apaga. As vezes penso se não seriam os nossos olhos o sentido de ser das estrelas...

BEIJO, AMO VOCÊS TODOS DE CORAÇÃO!


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/09/2010 10:01  Atualizado: 22/09/2010 10:03
 Re: O 5º Elemento - Sei de um Homem (C/FerreiraDaSilva)
Um texto extraordinario, numa visão muito além da imaginação.

Gostei da forma que Ferreira da Silva deu continuidade ao texto. Muito bem seguido na visão da Epifania&Anaifipe

Plenamente de acordo com FerreiradaSilva deixo aqui o meu poema:

Passageiros do Tempo

Vivo na clausura de um corpo que não sei
Amarras do tempo, quando o tempo era rei
Seres errantes nesta nave á deriva

Conquistas de nada na noite furtiva
Densos nevoeiros acolhem o Sol
Perpetuam-se elefantes brancos
Nas eras do tempo
Nas espumas de vácuo sentados

Que será de nós passageiros do tempo
Se nele não existimos

Somos pó Divino
Enfeitados de um esqueleto
Vagabundo de alma
A ela presa de amores em perdas
Quando o Universo é tão Vasto e profundo

By Beijo azul



Beijo azul