- Sei de um homem que caiu num sítio ermo. Esse, já nem servia os pássaros que buscavam novos rumos para um voo mais certeiro. De lá avistou a terra e o céu, mas não conseguiu visualizar os sonhos que lhe mostravam a longitude dos astros. O seu corpo buscava um prazer indefinido, a sua mente centralizava um poder descomunal, os seus olhos rebuscavam no centro da terra, um mito que lhes indicasse como atingir o cosmos. Ficaram só os seus dedos para contar os fragmentos cristalizados no seu peito.
- Um ser com as características que descreves facilmente alcançaria a longitude dos astros, no entanto os astros, estão também eles aprisionados à sua órbita. A questão será sempre a escolha da cela a habitar. O homem tem uma missão, terá eternamente problemas de adaptação corpo-mente e por isso a saudade do amanhã para sempre. Este não se adaptou.
- Há seres que trazem escrito nas palmas das mãos, uma viagem que se sobrepõe à razão da sua própria existência. Ou será que essa mesma razão os conduz para novos encontros, no ponto onde nasce a fogo que os consomem, fazendo-os cair num amontoado de vivências que os inibe de pensar. O pensamento é um acto que os reduz a nada, se esse nada for um objecto a vaguear no espaço em branco que as suas mentes ocupam. Será que essa existência poderá amansar-lhes o olhar, de forma a transcender o objecto e elevarem-se ao ponto de se encontrarem na união dos pontos; pensamento, sentimento e a razão que interfere entre um e outro? O corpo é um depósito de sensações a contrariar-lhes o espaço vazio. Será que o espírito se adequa a este estado obsoleto de um corpo, nos momentos em que a razão o obriga a vaguear pela senda do seu destino?
- ...O seu destino, a sua missão. Um corpo mesmo que aprisionado... (e aqui não concordo com puristas de espécie alguma, porque um corpo nunca poderá navegar fora de uma órbita para sua própria sobrevivência, e como sabemos, as órbitas têm movimentos limitados, como já disse a escolha reside na cela a habitar) ...poderá comportar um espírito livre equilibrando assim os pratos da balança em harmonia e sem resignação mas com a humildade dos sábios aprendizes. Então eu diria que se a convicção for SER, sim vale a pena.
Epifania & Ainafipe vs FerreiradaSilva
Resulto de um modo de dizer as coisas, simples e belas, e tu és o meu guia, o meu assunto do dia, para me dizeres também, de quando tudo era branco nos meus olhos…
Epifania & Ainafipe