Estava uma vez um poeta
Sentado à secretária
A tentar escrever um poema
Quando
Já cansado
Se levantou
Correu a cortina
Abriu a janela
Lançou ao céu
Um tímido olhar psicológico
- Talvez para determinar o seu comportamento...
Notou
Então
Que uma mosca
Voava
Cabriolava
Estupidamente
Em torno do seu cérebro
De poeta épico.
Aborrecido
Fechou a janela
Correu a cortina
Sentou-se na cadeira
Frente à secretária
- Eureka!
Foi assolado
Devastado
Acalentado
Pela genial ideia
De escrever uma epopeia
Sobre a mosca
Que voava
Cabriolava
Saltitava
Junta da sua cabeça.
- Pena os poetas não poderem voar
Com asas - Pensou.
Mas
Ao iniciar
Tão brilhante poema
Enervou-se com a mosca
que continuava voando
Cabriolando
Rodopiando
Junto à sua inteligência
Pousou a caneta
Deu uma palmada no ar
E... Zap!
Irremediavelmente morta
Terrivelmente sem vida
Apocalípticamente defunta
A mosca caiu
Sobre o fundo branco
Do papel
Do futuro poema.
Pronto
Mais uma fascinante ideia
Destruída!
antóniocasado