Também tenho segredos somente meus,
Divididos somente com meu travesseiro,
Acobertados por disfarces e tangentes,
Protegidos pela minha fiel individualidade.
E não venha você me dizer diferente,
Da sua vida escancarada qual rosa já flor,
Cada um possui seu íntimo velado,
Guardado, indivisível, lacrado, só seu.
A noite tem mistérios imensuráveis,
As estrelas guardam feitiços mil,
A madrugada, parecendo inerte,
Encanta pela misteriosa insônia.
Ah decantado respeito a individualidade alheia,
Vomitados qual falso discurso de hipócritas,
Mistificados tantas vezes de puro e inocente zelo,
Castrando toda liberdade de quem se quer bem.
Quero respeito ao meu silêncio,
Que meus segredos não lhe aflijam,
Não busque em minhas velas apagadas,
A luz que falta em sua vida em penumbra.
Retribuirei sim a sua confiante compreensão,
Não lhe fazendo perguntas que já sei respostas,
Nem fazendo do meu querer sereno, liso e ileso,
Um direito conquistado e sob condicionamentos.
EACOELHO