Chegas-me Outono
sabendo a Setembro,
a despedir-me
dos estios grávidos de luz,
que me bronzeiam a pele desnuda.
Chegas-me Outono
em coisas perdidas,
na incerteza dos dias
incerta a vida,
incerto o Inverno...
Sorvo-te Outono,
sôfrega,
enquanto o meu corpo é dia,
noite o meu sonho,
enquanto no meu regaço
couberem as folhas
que se me desprendem do manto.
Hei-de deleitar-me
com as aves últimas,
sobreviventes ao cair da folha,
molhadas pelas primeiras chuvas
e resistindo aos crepúsculos.
Hei-de entrar no Inverno,
sentindo as cores do Outono...
Quisera eu ser poeta
Quisera eu ser pintor
Escrever telas e pintar poemas
Escrever, pintar, pintar,escrever
A humanidade com muita cor