Juliana e Andréia, duas mulheres dois mundos, e um tempo infinito, separando as duas, uma paixão púbere, outra uma paixão madura quase convalescente, duas mulheres, dois rostos duas vidas, dois caminhos, um sentimento ... ao embaralhar Juliana e Andréia num baralho de lembranças misturadas a sentimentos, vivências, querências...descubro apenas uma, mesmo sendo uma não se completam, apenas se unem e complementam... com suas diferenças, modos de vida...modos de amar.Apenas eu amei as duas, e o tempo foi incapaz não somente de apagar ambas ou apenas uma, como de uni-las independentemente do tempo que as separa e as demais diferenças que as fazem únicas para si e para mim .
Descubro feliz, que meu primeiro amor adolescente e meu provável ultimo amor maduro são idênticos e lindos.Mesmo vendo Juliana quase 40 anos depois e ver em seu rosto, sua voz e cabelos os efeitos do tempo.Em seus olhos via a juventude meiga de sua velhice e em nós a recordação gostosa do que fomos e sabemos jamais voltaremos a ser, mas fomos...tivemos, amamos e sentimos, ninguém nos tira ... amo estas lembranças.
Chego a casa com os olhos postos no passado e contemplo a minha frente este meu presente...presente em minha vida ... Andréia esta linda mulher que ostenta como uma coroa seus cabelos de prata, seus quadris avantajados e perfeitos para nosso amor, calmo ainda com resquícios de uma selvagem paixão, lábios carnudos que certamente murcharam e formaram rugas sobre e aos lados de sua boca, mas sei que mesmo assim não arrefecerá minha ânsia de seus beijos.Me abraça pendurando-se adolescente em meu pescoço, morde o lóbulo da minha orelha, esperando a replica e eu a treplica, me diz um rouco Boa tarde...velhinho..que completa com um palavrão exclusivo nosso.Nos envolvemos na rotina deste nosso amor...de sempre, mesmo tendo ainda nos olhos meu amor de ontem...sei que ambos serão sempre um... e se complementam.
Carlos Said
Inverno de 2010
#Os nomes são fictícios...