Compus uma canção de amor!
Uma canção toda feita,
Com as lembranças que ficaram!
Foi à melodia mais perfeita!
Que as suas saudades deixaram...
A canção é verdadeira elegia!
É tudo o que me foi na vida!
Eu a compus com muito carinho...
Uma canção toda esquecida!
Há muito, pelo caminho...
Sonhos de amor inda existem!
E a canção corre infeliz,
Pelas teclas suaves de um piano...
E alçada em escalas gris!
Esvai-se na voz de uma soprano...
Em pranto, a orquestra é dor!
A canção ecoa moribunda,
Pelas violáceas paredes do salão!
E corre solta e tanto afunda!
Em tão silenciosa solidão...
Céleres, rodopiam os acordes!
Eleva-se a canção, no ar!
E ressoa em toda sua plenitude...
E deixa-se à harmonia se levar!
De um crescendo, à quietude...
Ouçam, são vozes angelicais!
Vão os anjos, em revoadas!
E vão entoando celestial canção...
E no céu, melodia enlevada!
Eleva-se no ecoar de um trovão!
E em triste canto, chora o piano!
E esvai-se no ocaso, a saudade...
E vai-se em lembrança tão infinda!
E a canção no peito arde!
E palpita no coração ainda...
(® tanatus - 22/10/2009)