Ai!!!
Que vontade de gritar!...
Que coisa tão incerta,
Que sabes que se é certa
A força que puxa e te empurra.
E um outro eu diz que não, trava, retrai,
Frena a vontade.
Vontade de rebentar com as correntes,
De não pensar em nada,
De fugir sem ver ninguém.
De cabelos negros ao vento na noite montada num cavalo branco, alado, com asas.
Ir ao Teu encontro.
Encontro fugaz, marcante, extasiante.
Essencia reconhecida, descoberta,
Aberta ao céu.
Um reconhecimento.
Descobrir sem saber onde estás,
Quem és, de onde vens.
Sabendo no entanto,
Que te sei, me conheces,
Te vejo, me sentes.
Mão firme, onda leve, mente ágil.
Desfloro descobertas encobertas
Nos medos do Passado.
Da não entrega ,
pelo não sofrimento alheio, teu, meu.
Numa mão apomba branca abre as asas e voa livre,
Na outra o pequeno koala timido,
Encolhido, retraido, protegido.
Duetos e dualidades.
Aparentes realidades.
Mas que trabalho dão as emoções!
E este coração, que não pára de escrever?...
E assim, num suave suspiro, enchi a banheira
Para afogar as frustações de um dia em que vivi tudo menos o que queria.
Só me apetecia despir a pele e não ser ninguém.
Não ser, nem saber o sentir.
Relatos de um murmúrio inaudível.
Sonia Santos