O contrário do amor não é o ódio mas a indiferença e o descaso, a omissão por estratégia vingativa. Sentirmo-nos nulos e desrespeitados na nossa conduta primária, é como que vegetar em vida. Sabermos que outros nos negam por sermos simplesmente, quem somos, tratando-nos com desprezo, é de perder o gosto pela vida. Sermos pouco mais que nada para quem nos quer na distância, é de uma indiferença total e arrasadora, para os valores que nos ensinaram a preservar e a valorizar. Só quem caminha na rua, não sendo cumprimentado, por quem nos quis bem um dia, sabe da dor, que nos causa, tal sentimento.
É a inversão de todos os valores morais, pelos quais sempre lutamos e vivemos,e não sabemos lidar com esse procedimento atroz, pois somos conscienciosos e responsáveis. Sendo acima de tudo seres humanos com sentimentos, o descaso e as negligências tornam-se difíceis de superar, pois não estamos preparados para lutar contra tamanha desonra. Fomos feitos para amar e considerar os outros, como a nós próprios. Quando a falta de zelo nos bate à porta, cai-nos o mundo em cima, e ficamos apáticos e infelizes. A insensibilidade de quem nos quer indiferença, por conjugação de um fato, é o regressar ao «homo sapiens».
Os estados de negação para com outra pessoa, menosprezada pela indiferença, são sempre absolutistas e cheias de contradições, contradições essas que são ignoradas, por quem nos cuida, cuidar com frieza. A indiferença é o estado de uma pessoa a quem tão pouco importa uma coisa como o contrário dela. Esse sentimento vil é contrário à nossa «condição humana», e nem não fomos ensinados a combater, essa consciência íntima, presa por algoz a nossos pulsos. Não há maior tortura que a falta de amor por menosprezo, e, perguntamo-nos, qual a causa de tal lacuna?
Sentimentos erróneos e desvirtuados da razão, podem ser causadores de tal omissão e procedimento calculista. Sim porque quem trata com indiferença outro alguém, é pensado ao pormenor. Nascemos para ser nos outros como em nós próprios, a preocuparmo-nos e a ter em atenção, os nossos actos, e, a assumi-los,depois de consumados. Para isso existe a interacção e o pensamento pessoal, para se discutir ideias e ideais, entre uns e outros. Só assim somos gente digna de viver em comunidade, aceitando os pós e os contras, revelando o seu grau de sentimento, para com os demais.
A indiferença é o oposto de tudo isto, é a recusa em aceitar a outra pessoa, como uma de entre ela – a pessoa indiferente. A omissão, por alheamento propositado,deve ser recusada por todos nós, como um comportamento não sociável, a ter em conta. Pois torna as pessoas amargas e mal-humoradas. E todos quantos fazem uso, da indiferença, são sombrios e mal intencionados, gerando um gozo pessoal, só entendível, a quem assim age, criando um estado de mal-estar entre todos, os que o rodeiam. Vamos ser diferentes mas não indiferentes, cada qual com a sua índole e personalidade.
Jorge Humberto
13/09/10