Poemas : 

Caíu-me a noite no dedo mindinho

 
Porra! (ai desculpem...)
É que não há alminha que aguente! Vai uma pessoa à feira logo pela manhã, a ver se ainda vai a tempo de encontrar orvalho nas couves e bichinhos nas maçãs (na esperança de um desconto no preço...) e, pelo caminho, acaba por perder a manhã! É que não sei onde a meti! Bem me fartei de procurar, mas nada... com certeza escapuliu-se, juntamente com uns trocos desencaminhadores que trazia no bolso roto das calças... Devia ter sido. Foi tudo à vida airada, não adiantou perguntar pelas horas a um polícia que passava... o pobre também parecia andar à caça de qualquer coisa (talvez uma rola...) e nem me deu muita atenção. Ainda por cima olhou para mim como quem me achava atrasada, ou coisa assim. Olha a novidade!...
Bem, ia eu dizendo, enquanto lembrava a minha manhã (era tão linda, cheia de sol!... não me conformo!...), que... ah, pois, que, à falta de manhã, comeu-se frango guisado para o almoço. Como sou de bons temperos e de bons fígados, lá esqueci a manhã e perdoei a tardia sesta, pelo bem que me soube o pertardar (pois... de noite pernoita-se, de tarde... pertarda-se, não faz sentido??)...
Ao pulso do meu relógio é que fez mal a sesta. Então não é que desatinou e, feito uma bússola tonta, se pôs a ritmo de enfarte?... Quando lhe tomei o compasso, quase tive um achaque cardíaco!... e, ao longe, já rebolavam sinos a anunciar a missa vespertina...
Nisto, aconteceu-me o pior, o impensável: caíu-me a noite num dedo mindinho (já nem sei se foi no esquerdo ou no direito...)
Não há direito!... Caí pro lado e adormeci...
(Eu ia jurar a pés juntos que me deu o fanico, mas já nem sei onde pus os pés, e antes que me digam que foi outra coisa... pronto, adormeci.)


(escrito, ao lusco-fusco e talvez em transe de sonambulismo, num Sábado deste Verão...)


T.T

 
Autor
VIDEIRA
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1657
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
11 pontos
11
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Runa
Publicado: 13/09/2010 18:47  Atualizado: 13/09/2010 18:47
Colaborador
Usuário desde: 24/04/2010
Localidade: Santo Antonio Cavaleiros
Mensagens: 1174
 Re: Caíu-me a tarde no dedo mindinho
Uma crónica bem disposta e com muita imaginação e talento. Uma leitura realmente adorável. Parabéns pela inspiração.

Beijos


Enviado por Tópico
gabrielas
Publicado: 13/09/2010 19:02  Atualizado: 13/09/2010 19:02
Colaborador
Usuário desde: 03/09/2010
Localidade:
Mensagens: 539
 Re: Caíu-me a tarde no dedo mindinho
que texto giro, e não é que me fez lembrar um certo amarelinho? rsrs
beijo videirinha


Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 13/09/2010 22:03  Atualizado: 13/09/2010 22:03
Usuário desde: 28/07/2009
Localidade:
Mensagens: 10799
 Re: Caíu-me a noite no dedo mindinho
Ai que rico dia
Ai que noite santa
A missa essa perdia-a
Fui p'ra festa, pintei a manta.

Às tantas caí pró lado
Talvez um copito a mais
Mas que fazer é este o meu fado
Dá-me sempre um fanico é demais!

Mesmo ao lusco-fusco, sem saber já muito bem o que digo, muito menos onde ponho os pés, ainda aqui caí, cansada, mas foi bom te visitar, adeus
beijinhos, até depois.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/09/2010 18:25  Atualizado: 14/09/2010 18:25
 Re: Caíu-me a noite no dedo mindinho
Quando me cai a noite no mindinho, eu vejo estrelas.
Adorei a feira in-natura e a preço de pechincha. Não é que bicho de goiaba, goiaba é?
Brilhante!
Bj
seraabenedita



Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 15/09/2010 12:30  Atualizado: 15/09/2010 12:30
Colaborador
Usuário desde: 29/10/2008
Localidade: guimarães
Mensagens: 7238
 Re: Caíu-me a noite no dedo mindinho para videira
ó videirinha...caiu-me tudo por aqui!ehehehe

bem-dito "transe".

devias "transar" mais.
ups...é só uma opinião!

beijo!

alex

Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 22/08/2013 17:57  Atualizado: 22/08/2013 17:57
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11099
 Re: Caíu-me a noite no dedo mindinho
Teresita,
Há dias de manhã, que a gente, à tarde não devia sair à noite.
Fizeste-me sorrir!
Beijinho
Nanda