Flor de lágrima que brota ao sol
vazio está meu arrebol, sem estrelas.
Vejo o mar do meu lençol
sinto as ondas, apenas ao vê-las
e nasço...
O mar não inunda mais meu atol.
Já sou ilha, protusa terra,
pedacinho de mim que berra
seio descoberto ao mar
corpo livre, cabelo ao ar.
e venta...
Sempre em mim venta
na maresia que corrói os anos
nas brisas suaves, nas tormentas
tudo move, enquanto meu coração aguenta.
e reajo...
E o sal lambe minha face rubra, magenta
expressão daquelas que se esforça
esforça, se encosta, roça e tenta
(e acaba sempre pondo fogo pelas "venta")
e vivo...
Nas gotas do oceano salgado
nas marés imprevisíveis
de meu peito exagerado
nas sensações "indizíveis"
de meu córtex acelerado.
e morro...
Mas no fundo, bem no fundo
tudo é graça,tudo é fumaça
se desfaz, apenas passa
em meu universo particular
de intensidade e visão bassa.
e renasço...
no ponto exato de qualquer ato
Onde pulse forte
este ingênuo, sem sorte
alijado consorte
(sempre, sempre à beira da morte)
Este meu coração mouco,
(dizer-te bobo, para ti é pouco)
és sim louco, perdido, sem bússula,
sem norte...
E assim sou!
Um espectro que em letras se criou.
Ana Lyra