Contos : 

a rosa da saia vermelha III

 
(Continuação da minha historia)

Bem com o padre morto, a Rosa a chorar e eu com a confissão do toninho, é de esperar que vos conte ao pormenor o sonho do tonhinho. O defunto leva com ela os pecados dos outros, mas eu carrego a cruz pesada do vivo, do toninho.

A verdade é que a Rosa é um homem.
Ninguém na aldeia sabe a não ser eu, o defunto e o tonhinho.
Depois de ter ouvido a confissão toda, e do toninho me explicar que sentia atracção pela Rosa, é claro que até a mim, a gaja me coloca teso!Por momentos juro que me perco, mas outras vezes me dá um nojo...
Mas não posso dizer a ninguém, senão, olha nem sei.
Há uns tempos atrás vieram morar aqui para Ferneiros, a nossa aldeia uns poucos de casais estranjeiros, trouxeram alguns bens, compraram algumas propriedades e abriram o café.
As pessoas de uma aldeia tão pacata sempre se supreendem com estas pessoas, sem saberem falar português, e eu nem sei escrever, dá para imaginar o mentão de besteiras que saem daquelas bocas.
Bem isso foi há uns tempos, a Rosa ainda não cá vivia, e eu o toninho ainda eramos uns burros que nem sabiamos olhar para as catraias.
Havia de vir logo uma trocada por instinto da natureza! A única que consegue pôr uma aldeia de pernas para o ar.
Há coisas que não compreendo, se a Rosa é um Homem como é que ela tem seios? E bons.
Ela anda pela moita toda ela abana, toda ela faz qualquer homem perder a cinto das calças.
Será que o padre sabia?


Iolanda Neiva
(muitas vezes falo só para mim,
e escrevo para que alguém me ouça)

 
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iolanda neiva
 
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