Embriagado entre a realidade e o devaneio
Sinto-me inebriado pelo aroma que exala da saudade
Cá,sentado ao canto, vejo o tactar do vento a cortina
Lá, fora, onde não posso tocar, sei que estás...
Vejo que aqui o vento nada pode tocar, levar... Por um momento sinto-me naufragado em nostalgia
Em minhas mãos amparo as palavras que restaram como refugo
O tempo parece não passar...
No cálice ao chão agora vazio, sucumbia outrora todo o meu querer
Restara apenas a nódoa no papel, as lembranças no ser
E a dor no coração...
Teu cheiro parece fincado sobre o quarto, trazido pelo vento talvez
Fragrância amena que se assemelha a tristeza do findar
De minh’alma recai um suspiro, saber que um dia houve vida
Me levanto, pego então o cálice ainda frio de solidão
E o encho, entre poemas, lágrimas, sonetos e um coração...
Talvez ainda haja um raiar.
"Morremos gestantes da ansiedade que nada espera."