A esperança, aquilo que me fez escrever tantas cartas, aquilo que me fez imaginar tantos cenários, aquilo que me fez acreditar, é hoje apenas um pouco daquilo que em tempos foi. Se antes acordava contigo no pensamento e com um desejo imenso de te ver, se antes acordava com fé de que naquele dia te ia poder dizer um simples “olá”, hoje tudo não passa de uma recordação, embora continue contigo no pensamento a todas as horas, a esperança de que um dia tudo mude e possa finalmente ser feliz, feliz como nunca fui nesta vida, é agora tão pequena que não consigo acreditar nela. No entanto a paixão não desvanece, prova da verdade deste sentimento, prova da sua imensidão.
E fazendo de conta que este é já o fim, um fim que possivelmente nunca chegará, arrependo-me apenas de uma coisa: em todas as cartas, em todos os poemas, em todos os textos, nunca fui capaz de me dirigir a ti sem máscaras, nunca fui capaz de escrever o teu nome e dizer aquilo que sentia. Sei, melhor que ninguém, que de pouco ou nada valeria tê-lo feito, no entanto não evito um sentimento de cobardia da minha parte e não evito também uma dúvida: será que o que sinto por ti não é suficientemente forte para ter a coragem de te o mostrar sem medos? Ou será que o que sinto por ti é demasiado forte para eu arriscar revelar-to?