Era uma criança como outra qualquer
sonhava um dia em ser adulta, para
ser como seu pai, que ela tanto admirava
e imitava com graça todos os seus gestos
de boa ventura e trejeitos graciosos.
E ela cresceu e foi trabalhar para junto dele
uma fábrica de vidro para carros e montras
bem juntinho de casa onde morava sua mãe
esposa de seu pai, que se amavam muito
desde que ela se lembra de si como pessoa.
Era muito novinha quando foi pela primeira
vez, de mala na mão, trabalhar, mas logo se
apaixonou pelo seu emprego e era vê-la a
cantar e a assobiar canções de musicais bem
conhecidos de todos e assim passava o dia.
Cresceu e se enamorou de uma bela menina
e começaram a conversar e a ir ao cinema
felizes da vida com o seu namoro. Para onde
ia um o outro ia com ela, sempre de mãos
dadas, para onde quer que caminhassem.
Até que, num dia de azar, ao atravessarem a
estrada para o outro lado da berma, a menina
foi colhida por um automóvel e faleceu de
pronto, com o jovem a toma-la no colo e a
chamar pelo seu nome, querendo acordá-la.
Não mais abriu seus lindos olhos azuis e a
partir desse dia, o jovem adulto, não mais
sorriu ou assobiou e deixou de ter gosto pela
vida, que nem o trabalho o animava, a ponto
de o fazer chorar sempre que se lembrava do
acontecido. Culpava-se do ocorrido naquele
dia fatídico, pois podia puxá-la para ele, se o
carro não viesse com tanta velocidade, numa
loucura embriagada. Hoje senta-se à mesa e
escreve poemas que a tragam de volta à vida.
Jorge Humberto
09/09/10